Todos os finais de semana do mês de junho, e nas vésperas de Santo Antônio e São João, era possível embarcar no trem e curtir uma viagem da Estação Velha, em Campina, até o distrito de Galante. Todo o percurso era musicado pelo autêntico forró pé-de-serra. Em cada um dos oito vagões, um sanfoneiro garantia a música…
Quando chegavam a Galante, depois de duas horas de forró e de paisagens interioranas da Paraíba, os passageiros eram recepcionados por quadrilhas juninas. Ainda era possível degustar comida típica, e, claro, dançar mais forró…
Mas tudo isso foi interrompido abruptamente em 2019, quando o Trem do Forró descarrilou.
Cadê o trem?
Essa é a principal pergunta feita pelos turistas desavisados que chegam na Estação Velha, de onde o trem saia e onde fica o museu do algodão. Splash conversou com funcionários do local, sob condição de anonimato. "Olhando para trás, agora, fiquei com saudade. Era muito animado".
O Trem do Forró era o grande atrativo do local. Nos finais de semana em que a locomotiva saia, mais de mil pessoas passavam por lá e se formava uma fila que dobrava esquina…
Hoje, o espaço fica praticamente vazio, mesmo em mês de festa. Alguns turistas aparecem a cada meia hora, para conhecer o museu.
A ausência de pessoas é evidente, mas outro problema é financeiro: cada ingresso para passear no Trem do Forró custava cerca de R$ 150 — dinheiro que deixou de ser arrecadado ao longo desses anos…
A Estação de Campina Grande foi criada em 1907, quando a cidade começava a exportar algodão. Ela funcionou com esse propósito até 1961. Antes de o trem descarrilar, os maquinistas já alertavam para a má condição da malha ferroviária.
Os funcionários dizem que, para o trem voltar, só com uma revitalização "muito bem feita". "Tá sem manutenção faz muito tempo. Tem trecho que foi roubada [a linha do trem]. Esse ano a polícia pegou um caminhão parado lá, eles roubando a linha para vender o ferro".
Outro impasse para a volta do Trem é a construção de moradias em cima da linha. "Tem um trecho aqui pertinho em que o pessoal construiu casa, e agora a linha termina no jardim".
Splash entrou em contato com a Secult (Secretaria de Cultura) da Paraíba, questionando sobre uma previsão de retorno do trem, e foi informada que o ferroviário é de gestão municipal. A reportagem, então, contatou a assessoria da prefeitura e aguarda. O texto será atualizado assim que houver resposta.
Splash também entrou em contato com a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), mas não obteve resposta. O espaço segue aberto…
Fonte: Ane Cristina - De Splash, em Campina Grande